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por António Martins‑Tuválkin ‹antonio@tuvalkin.pt›
Dispersos por todo o mundo, os esperantófonos têm uma necessidade vital de estarem minimamente organizados em diversas associações, pelo menos para assegurar o contacto entre si. Para além das organizações especializadas, ideológicas ou confessionais, desempenham um papel essencial no seio do movimento as associações territoriais, que funcionam a nível nacional, regional e supra‑nacional.
Para além de congregarem os esperantófonos de uma dada região, garantem uma série de serviços básicos à comunidade esperantista, como sejam a veiculação de informação, tipicamente através da edição de um boletim, ou intermediar diversos bens e serviços, especialmente a manutenção de bibliotecas e similares, a venda de livros, assinatura de periódicos e participação em congressos e encontros.
Naturalmente, estas associações, desde os milhares de clubes locais até à Associação Universal de Esperanto, funcionam independentemente dos Estados, elegendo internamente os seus órgãos sociais e definindo autonomamente a sua estratégia — com excepção de alguns países, como Cuba ou, até recentemente, toda a Europa de Leste, onde os esperantistas eram “arregimentados” sob organizações‑“tecto”, com dirigentes nomeados e planos de acção subordinados a uma determinada política estatal. O verso da moeda era, nestes casos, o volumoso apoio oficial concedido às associações esperantistas, que contrastava com a situação vivida no resto do mundo, onde os subsídios estatais são geralmente pouco abundantes.
Para além de servirem de elo de ligação entre os seus sócios e destes com os esperantistas do resto do mundo — tanto mantendo como estimulando esses mesmos contactos —, e de outras formas promover a utilização do esperanto, as associações esperantistas dedicam‑se fundamentalmente também à “criação” de novos esperantistas, tanto na informação sobre o esperanto junto do grande público, como, junto dos entretanto interessados, no ensino da língua — seja através da organização directa de cursos, do patrocínio destes no seio doutras instituições (escolas et c.), ou do fornecimento de material autodidático e respectivo apoio.
São igualmente as associações de esperanto o repositório habitual da “memória colectiva” do movimento, concentrando‑se nos seus pergaminhos marcas da já centenária História do esperanto.
A Associação Portuguesa de Esperanto, fundada em 1972 após um longo processo de reabilitação do esperanto aos olhos do Governo de então, é bastante representativa das várias dezenas doutras que congregam cerca de 60 000 esperantistas em todo o mundo. Com uma massa associativa abaixo de meio milhar, a sua estrutura representa, resulta e molda a fase actual do esperanto em Portugal, caracterizado por um fosso geracional muito pronunciado (com picos da massa associativa nas faixas etárias dos 70 e dos 20 anos, devidos a uma dinâmica recente após um longo marasmo), e uma concentração macrocéfala na região de Lisboa.
Paradigma refinado de uma preferência constante pela qualidade em detrimento da quantidade — um traço característico do Esperanto a nível global —, o movimento esperantista português, tem‑se caracterizado (intencional ou fortuitamente) pela elevado nível atingido nas suas, de resto escassas, actividades.